sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Ser feliz e deixar ser feliz: a “homofobia” e os princípios da autoridade e da alteridade

Israel Souza[1]
            Toda intolerância se nutre, principalmente, da ignorância e da arrogância. O intolerante é aquele se fecha em suas opiniões e valores. Age com a soberba daqueles que se creem donos da verdade, e hostiliza quem é e pensa diferente. Antes de tudo, orienta-se pelo “princípio da autoridade”, e não pelo princípio da alteridade”. Procura sempre se impor aos outros, e nunca se colocar no lugar dos outros, olhar as coisas de outro ponto de vista.
            Um tipo de intolerância que tem crescida entre nós é a “homofobia”. A palavra não é muito acertada. Fobia diz respeito e um medo. Mas o que vemos é um verdadeiro desprezo, ódio destilado contra aqueles/as que têm uma condição (ou opção) sexual diferente.
Já ouvimos falar de hidrofobia e claustrofobia. Entretanto, nunca ouvimos falar de alguém que, padecendo de tais males, tenha tentado exterminar a água ou o ambiente fechado em que se encontra. Por isso, devemos ter clareza: diferentemente do que sugere o nome, “homofobia” não é medo ou não apenas medo. É, sobretudo, ódio, desprezo. Muitos são os que já foram agredidos ou assassinados em razão deste mal.
Como professor de sociologia, vem em quando, trato dos temas de violência e intolerância com meus alunos. Toda vez que a discussão se estende até “homofobia”, uns mostram compreensão e aceitação; outros, porém, dizem não aceitar.
Mesmo sendo professor, nessas ocasiões, não uso do “princípio da autoridade”, e sim do belo e necessário “ princípio da alteridade”. Nada imponho, e em tudo me esforço para que entendam que o amor e a felicidade só crescem à sombra da liberdade. Ninguém pode ditar a alguém como amar, quem amar e como ser feliz.
Em verdade, quem já encontrou seu amor e felicidade – ou está sinceramente empenhado em nessa busca – não tem tempo a perder com a vida alheia. Quem é verdadeiramente feliz não precisa da infelicidade dos outros. Ser feliz e deixar ser feliz. Eis uma simples e poderosa fórmula de combate às intolerâncias.    



[1] Autor dos livros Democracia no Acre: notícias de ausência (Publit: 2014) e Desenvolvimentismo na Amazônia: a farsa fascinante, a tragédia facínora (no prelo), também é professor e pesquisador do IFAC/Campus Cruzeiro do Sul, onde está dos projetos de pesquisa Miséria política no Brasil e Trabalho, Território e Política na Amazônia. Está à frente do Grupo de Pesquisa Trabalho, Território e Política na Amazônia – TRATEPAM.

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